vendredi 10 octobre 2008

coração aos porcos

Pra que quero um coração, este coração tão pleno de um vazio que me atravessa e corta e me dói inteira, tão amargo, tão independente da minha vontade, tão carrasco e filho da puta?
De que me serve este coração incapaz de amar plenamente, de se conectar, tão cego e burro quanto porta alguma jamais foi?
Pairo num tempo perdido, paralelo, grito por socorro e nunca, nunca ouço uma resposta. Será que não me ouvem? São tão incomunicáveis assim os nossos mundos? Será que são capazes de me ver?
Às vezes acredito ter conseguido uma conexão, ainda que lenta. Mas ela logo se apressa em cair, e esmera-se em cair cada vez mais fundo, só pra que eu jamais a recupere.
Não, de nada me serve isto que chamam coração, e talvez doesse menos se eu o arrancasse de mim e o jogasse na lama pra servir de alimento aos cães e aos porcos. Talvez assim ele fosse útil. Ainda que dilacerado, atirado a um solo imundo, misturado à merda da pocilga e repartido entre os porcos.
Talvez assim eu o percebesse pulsar outra vez.

Talvez.

1 commentaire:

Anonyme a dit…

Não entendo, mesmo, o propósito da vida ao nos colocar em certas situações...