jeudi 18 septembre 2008

The First Time

Tem 3 espinhos no meu pé. E um fora novo na "lista de foras". Como se os 3 espinhos não bastassem. Ainda tenho que passar por uma situação deprimente no meio da rua. Não tem jeito, foi o meu momento de coragem. Se não falasse naquela hora, não falaria nunca mais. E nunca mais é um bocado de tempo. Mas é isso. Olhando pro chão, eu disse o que queria dizer há tempos. Disse timidamente, secando por dentro de tanta vergonha, mas disse. É claro que eu esperava uma reação mais madura, mais concentrada (mesmo sob efeito de grandes quantidades de álcool). Só que... pensando bem... homens e reações maduras não combinam. Especialmente aquele homem. E eu insisto em dizer: Ele deveria ter nascido com manual de instruções. Homem fechado, homem bonito, homem indecifrável, como gosta de dizer minha boa irmã.
Naquele dia eu chorei. Chorei antes, chorei durante, chorei depois, e depois. Chorei ouvindo The First Time, chorei ouvindo meu choro, chorei simplesmente. Não sabia o motivo do choro. Porque eu não amava, só gostava. Talvez eu tenha chorado pelo outro, não por ele. Talvez eu tenha chorado porque queria que ele fosse aquele que não existe mais. Talvez eu tenha chorado porque... queria viver com ele o que não vivi com o outro. Doloroso pensamento que me corrói. O outro morreu, o que se parece com ele está vivo e não me quer. Malditos homens barbudos de cabelos bagunçados... Malditos homens tímidos de olhos brilhantes. Maldito você. Pensei, descobri. Gosto. Não por causa do outro. Gosto de você. Gosto do seu jeito de falar, do seu senso de humor, da sua timidez. Especialmente do sorriso largo.
Mas 3 espinhos, um fora na porta de um bar tocando música sertaneja e sentada, bêbada, na frente de um esgoto não foram suficientes. Ainda havia mais uma desgraça reservada: Uma boa gripe que me deixou de cama desde domingo. E cá estou eu. Envelheci uns 80 anos essa semana. Mal de amor, mal de gripe. Expelindo coisas gosmentas, tossindo, espirrando, esfregando os olhos que não param de arder. Febril.
E ainda não foi o suficiente. Durante a madrugada, enquanto eu tentava dormir, recebi uma mensagem no celular. Era uma foto. E era uma foto de.... um PÊNIS! Resolvi ligar de volta e um bando de homens alegres me atenderam. E então eu achei melhor desligar. Mas um dos homens alegres decidiu que deveria retornar a ligação e então, lá estava o pênis ligando para o meu celular. Atendi. Entre risos e mais risos descobri que não era o pênis que havia ligado, mas o amigo do pênis sorridente da madrugada. Desliguei novamente e fui pra cama.
Tentei dormir, mas fiquei pensando em tudo. Pensando se eu realmente deveria ter falado. Se ele ficou magoado ou se me odeia simplesmente. Se eu deveria mudar de país agora ou comprar um pônei. Não sei o que fazer. Sei que levei um fora, ganhei uma bela gripe e me mandaram um pênis no celular. E em 3 dias eu vou relembrar o momento de desespero pelo qual passei no dia 21 de setembro de 2005. Sei que talvez eu tenha espantado o homem pra sempre. Mas depois do momento constrangedor, de me declarar, de ele dizer não, eu ainda consegui um entrelaçar de mãos que guardarei com carinho.

1 commentaire:

Camille a dit…

Marie... Marie...
homens e reações maduras realmente não combinam... deveriam, todos eles, nascer com um manual de instruções bem completo. Indecifráveis... mas infelizmente fazem o estilo decifra-me-ou-não-te-devoro... pena...

Você ainda conseguiu guardar um inesquecível entrelaçar de mãos...
Gostaria de ter, entre as lembranças que tenho do meu "ele", ao menos um entrelaçar de mãos...

Domingo é vinte e um... podíamos subir no alto da torre... ouvir Pink Floyd... e então dirigir até a França, pra nunca mais voltar.

E comprar um pônei.