mercredi 29 décembre 2010

Oh God, que covarde eu sou. Não consegui. Você não parece mais estar perdido, mas eu sim. Parecia que eu não havia sentido nada. Mesmo assim não conseguia olhar nos seus olhos diretamente. Não sei por qual motivo... Não sei se tive medo de ainda ver amor ou de ver um absoluto vazio. Na verdade, você pareceu vazio. Vazio de mim. Isso foi desesperador. Se eu tivesse visto amor, teria sido um desespero diferente. Senti que tinha sido apagada. Que tinha me tornado um ponto perdido num passado distante. Entre tantos outros rostos e toques que você já nem conseguia mais identificar quais eram meus. Senti que havia me tornado ordinária. Que o fato de eu fazer cócegas já não era mais relevante ou que eu não era tão diferente das outras quanto você pensava. Você olhou pra mim como se não houvesse nada para ver. Como se eu fosse transparente. E isso doeu pra caralho. O que diabos eu estava fazendo? Que merda estava acontecendo dentro da minha cabeça? Mas que porra! Eu esperei 5 anos por aquele momento e tudo que eu conseguia dizer era: "É... essa chuva me deixa com sono...". E tudo que conseguia fazer era mexer no pregador que estava sobre a mesa e olhar as montanhas ao longe. Eu mal olhava quando você falava. Quando eu tirava a bunda da cadeira, metia as mãos nos bolsos e ficava caminhando pra longe de onde você estava, em completo silêncio. WHAT THE FUCK...? E durante 3 horas essa tortura se estendeu. Você já mostrando sinais de completo pânico por estar naquela situação ridícula. Eu agindo como se fosse uma árvore. Queria ir embora correndo e aos berros, mas não conseguia sair dali. Porra, 5 anos! Foram 5 anos esperando pra ver aqueles olhos e sentir o cheiro dele e NADA. Estraguei a porra toda! Eu não sei por qual motivo faço essas coisas... É burrice mesmo. E no final eu desisti. Disse que precisava ir. Quando você abriu o portão eu o abracei de um jeito torto e agoniado. Virei as costas e segui caminhando sob a chuva sem sequer olhar pra trás. Dei um tchau destemperado e me enfiei dentro da minha concha. Se você tinha alguma dúvida, certamente eu o fiz ter certeza... Certeza de que manter distância de mim foi a melhor coisa que fez durante esses 5 anos. Certeza de que nada havia mudado. De que eu sempre serei essa pessoa fechada, aleijada, pálida. Certeza de que você não tinha nada a perder. E eu tive certeza de que perdi tudo definitivamente.
Tudo que mais amei.
Tudo queima dentro de mim. Do lado de fora não existem cores.

Aucun commentaire: